Rotina puxada

Trabalho de veterinário é dentro de clínica, certo? Errado. Apesar de ser a carreira que a maioria dos veterinários segue, o atendimento clínico não é a única porta de entrada para o mercado de trabalho. Esses profissionais podem estar inseridos em vários setores que envolvam a produção animal, desde fazendas até a vigilância sanitária.

Carolina D'alifany sempre trabalhou com a saúde dos equinos e garante: não existe consultório para essa função. "É a gente que vai até onde o animal está, e não ele que vem", explica a veterinária, que ainda complementa: "É preciso gostar de ter dias diferentes uns dos outros, porque quase sempre estamos viajando e visitando várias fazendas no mesmo dia", alerta. Além das viagens, o dia a dia de quem trabalha fora das clínicas também fica puxado quando o assunto é carga horária. "Não tenho nem ideia de quantas horas passo trabalhando. Mas tem dias que viajo e só volto no dia seguinte, outros em que só visito um lugar. Não existe uma rotina", afirma.

Já Adriana Carvalho é sócia do Instituto de Especialidades Veterinárias, mas seu trabalho é completamente diferente do trabalho de um clínico. Ela é responsável apenas por realizar os exames de sangue que chegam à clínica. "A grande diferença é que a gente não precisa lidar diretamente com os donos ou com os bichos. A maioria das vezes o sangue chega coletado e você só vai analisá-lo", explica a médica. O laboratório veterinário é igual ao humano, mas no estado ainda não existem cursos para a especialidade. "Tive que fazer cursos fora, porque aqui não tem. O que pouca gente sabe é que esse é um setor carente de profissionais. As pessoas fazem veterinária pensando só na clínica e esquecem o que tem por trás dela", alerta Adriana.

Márcia Campos, gerente da vigilância sanitária do distrito sanitário 1 (Recife), concorda com Adriana sobre o esquecimento das pessoas. Ela alerta que os estudantes precisam ampliar sua visão ainda na faculdade. "É preciso enxergar a vigilância sanitária com outros olhos. Não pode só focar na clínica", avisa.O trabalho que de quem opta pela vigilância é fiscalizar. "Temos uma equipe multiprofissional que fica responsável por inspecionar os estabelecimentos e dentro dela está o veterinário. Ele atua como agente sa saúde pública", conta Campos, que lembra que esse profissional não fica parado. "São mais de 1.500 lugares para visitar dentro do distrito. Temos que fazer inspeções diariamente".